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7.8.20

DOUTORADO - 0001 - SCHLEIERMACHER - 20202




SCHLEIERMACHER

2020/jul/28



O QUE VEREMOS?

• VIDA

• TEMAS

• LINGUAGEM

• MENTE

• INTERPRETAÇÃO

• PRIMEIRA MARGEM DA INTERPRETAÇÃO: LINGUAGEM

• SEGUNDA MARGEM DA INTERPRETAÇÃO: PSICOLOGIA

• TERCEIRA MARGEM DA INTERPRETAÇÃO: CÍRCULO HERMENÊUTICO

• HISTÓRIA DA FILOSOFIA

• TRADUÇÃO

• ESTÉTICA

• DIALÉTICA

• ÉTICA

• POLÍTICA

• RELIGIÃO

• BIBLIOGRAFIA


1. VIDA

• Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher

• Nascimento 1768 [Breslau]

• Morte 1834

• Filósofo

• Filólogo

• Teólogo

• Pastor

• Professor

• Membro da academia de ciências de Berlim

• Influências de Spinoza, Kant, Friedrich Schlegel e, sobretudo, Herder

• Família muito religiosa

• Educação pietista

• Casamento e filhos


2. TEMAS

• Linguagem

• Hermenêutica

• Interpretação

• Cultura

• Tradução

• Estética

• Dialética

• Ética

• Política

• Religião

• História da filosofia


3. FILOSOFIA DA LINGUAGEM

• Expressão de sentimentos não divinos, mas humanos

• Linguagem interior e comunicação social [linguagem exterior]

• Natureza humana

• Identidade pensamento e linguagem ("a atividade do pensamento em sua identidade com a linguagem", SW 3/6: 263)

• Pensamento = Conceitualização = Expressão = Linguagem interior (Psicologia) = Comunicação social (Ética)

• A linguagem é mais fundamental do que o pensamento

• A linguagem oral é mais fundamental do que a linguagem escrita


4. FILOSOFIA DA MENTE

• Mente, Alma = unidade de todas as faculdades = "força de todas as forças" (On freedom, 1992)

• Consciência

• Percepção dos sentimentos e desejos

• Sentidos humanos

• Distinção entre seres humanos e animais

• Interdependência entre mente e corpo

• O extremo do espiritualismo [redução do corpo à mente] é um erro

• O extremo do materialismo [redução da mente ao corpo] também é um erro

A unidade e interdependência entre mente e corpo é chamada de "vida"

As mentes-almas (pessoas) humanas são profundamente diferentes

• E exercem influência no desenvolvimento da sociedade

• Desenvolvimento ético-político (heróis)

• Desenvolvimento no pensamento e arte (gênios)

• A diversidade das mentes humanas pode ser entendida pelo processo divinatório

• O intérprete deve entender o autor melhor do que o próprio autor


5. FILOSOFIA DA INTERPRETAÇÃO

• O significado (a verdade) é o uso (pelas pessoas) das palavras

• O uso das palavras pelas pessoas é sempre comum, compartilhado [holismo semântico] e serve de evidência para o método comparativo

• O intérprete deve adquirir um bom conhecimento desse contexto do uso comum e compartilhado das palavras pelas pessoas

• As mentes-almas (pessoas) humanas são profundamente diferentes

• Se as mentes-almas (pessoas) são diferentes, então há também diferenças intelectuais e linguísticas

• Essas diferenças explicam que o mal-entendido na linguagem ocorre sempre, o que sempre exige interpretação

• O "mal-entendido ocorre naturalmente e, portanto, o entendimento deve ser desejado e buscado em todos os momentos" (HHM 109–110; HC 21–22)

• A hermenêutica é a teoria da compreensão [explicação, aplicação, tradução] da linguagem


• A hermenêutica é uma disciplina universal
- Bíblia
- Lei
- Literatura
- Linguagem escrita
- Linguagem oral
- Textos antigos
- Textos modernos
- Minha linguagem [linguagem interior]
- Linguagem dos demais [linguagem exterior, comunicação social]


• Assim, a interpretação sempre envolve a questão do significado = a questão da verdade

• Assumindo que uma linguagem deve ser verdade, sempre levará a mal-entendidos


6. A PRIMEIRA MARGEM DA INTERPRETAÇÃO: LINGUAGEM

Método comparativo [linguagem]

• O significado (a verdade) é o uso (pelas pessoas) das palavras

• O uso das palavras pelas pessoas é sempre comum, compartilhado [holismo semântico e evidência]

• O método comparativo é complemntar ao método divinatório

• Tratar da dificuldade de classificar uma obra em um gênero

• Constante modificação dos gêneros

• Tentação de assimilar gêneros exóticos a gêneros familiares


7. A SEGUNDA MARGEM DA INTERPRETAÇÃO: PSICOLOGIA

Método divinatório [psicologia]

• As pessoas-mentes são diferentes

• As linguagens são diferentes

• As intelectualidades são diferentes

• Os autores são diferentes

• A mente do autor é particular

• A mente do autor é uma força ilocucionária e intencional

• A interpretação depende não apenas da linguagem, mas também da psicologia

• O autor é a peça mais importante para a interpretação do texto, sem desconsiderar outras elementos da interpretação

• Método divinatório = tentativa, hipótese, palpite, conjectura

• Importância do método divinatório como fundamento para, primeiro, distinguir a interpretação com relação às ciências naturais e

• Segundo, classificar a interpretação como uma arte e não como uma ciência

• A interpretação psicológica é um processo de reconstrução desde a força da decisão seminal do autor até a obra como um todo [círculo hermenêutico]

• O método divinatório é complemntar ao método comparativo


8. A TERCEIRA MARGEM DA INTERPRETAÇÃO: CÍRCULO HERMENÊUTICO

• A interpretação ideal é uma atividade holística

• A decisão seminal do autor deve ser analisada em conexão com toda sua obra

• Qualquer parte do texto precisa ser interpretada à luz do texto inteiro, total

• Tanto a parte do texto quanto o texto como um todo devem ser vistos desde a linguagem em que foram escritas


• Além disso, entram em cena outros elementos [holismo]:
- Parte do texto
- Texto como um todo
- Linguagem
- Psicologia do autor
- Contexto histórico
- Outras obras do autor


• Todos esses elementos introduzem na interpretação uma circularidade

• A interpretação de cada parte do texto necessita do todos esses elementos [holismo]

• A interpretação de todos esses elementos [holismo] necessita de cada parte do texto

• O círculo hermenêutico da compreensão não é uma questão de tudo ou nada, mas acontece em degraus, níveis, algo progressivo

• O autor recomenda primeiro começar pelas partes do texto até ter uma visão do todo

• Então, aplicar essa visão aproximada do todo a cada uma das partes para de obter outra visão do todo

• Que será de novo aplicada às partes, que dará outra visão do todo e assim sucessivamente

• Schleiermacher aplicou seu método interpretativo em algumas áreas, dentre elas a história da filosofia

• August Boeckh aplicou a metodologia de seu professor Schleiermacher e criou a metodologia interpretativa clássica [filológica] e bíblica [teológica]


9. MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

• Diversidade de pessoas, linguagens e intelectualidades

• Método comparativo [linguagem]

• Método divinatório [psicologia]

• Círculo hermenêutico

Distância temporal entre o intérprete e aquilo que é interpretado

• Mal-entendidos como regra dessa distância e diversidade


• Schleiermacher aplicou seu método nas suas análises de
- Heráclito
- Anaximandro
- Diógenes
- Sócrates [On Socrates’ Value as a Philosopher]
- Platão [de quem foi tradutor]


• Brandis [On the Concept of History of Philosophy; Handbook of the History of Greek-Roman Philosophy]

• Ritter [On the Education of the Philosopher through History of Philosophy]

• Zeller [The History of Ancient Philosophy in the Last Fifty Years with Special Attention to the Most Recent Treatments of It]

• E Boeckh [Encyclopedia and Methodology of the Philological Sciences]

• Aplicaram a metodologia interpretativa de Schleiermacher na análise da história da filosofia

• Dilthey aplicou o método de Schleiermcher ao próprio Schleiermacher

• Mesmo ainda hoje, com a influência de Heidegger e Gadamer, Schleiermacher ainda tem seu espaço


10. FILOSOFIA DA TRADUÇÃO

• Diversidade de pessoas, linguagens e intelectualidades

• Método comparativo [linguagem]

• Método divinatório [psicologia]

• Círculo hermenêutico

• Distância temporal entre o intérprete e aquilo que é interpretado

Distância entre a linguagem fonte [original do autor] e a linguagem alvo [do tradutor]

• Mal-entendidos como regra dessa distância e diversidade


• Schleiermacher foi tradutor
- On the Different Methods of Translation (1813)
- André Lefevere, in German Romantic Criticism, A. Leslie Willson (ed.), New York: Continuum, 1982.

O desafio de conseguir o objetivo principal da tradução tradicional: reprodução fiel do sentido original na linguagem alvo


Paradoxo da paráfrase
- Sacrificar a intenção original do texto
- Encontrar o mais próximo ajuste semântico


• No caso da tradução poética, é necessário não apenas o aspecto semântico, mas sobretudo o aspecto musical

• Acima e além da reprodução do sentido

Tradutor como artista


• Duas formas de tratar a distância entre a linguagem fonte e a linguagem alvo

• Primeiro, trazer a linguagem conceitual do autor próxima à linguagem conceitual do leitor [Lutero]

• Segundo, trazer a linguagem conceitual do leitor próxima à linguagem conceitual do autor [Schleiermacher]

• A plasticidade/dobra da linguagem [nos seus usos] garante a proximidade da linguagem alvo [do tradutor] com relação à linguagem original [do autor]

• É impossível ao tradutor reproduzir outros elementos que entram em cena na interpretação do original

Holismo semântico do contexto histórico como limite de toda tradução

• O tradutor deve ver sua tarefa sempre de modo aproximativo e nunca realizável total e absolutamente

• A plasticidade ou dobra da lignaugem pode ter um efeito enriquecedor da própria linguagem alvo [do tradutor]

• A ideia da paráfrase, da dobra e dos limites [holismo do contexto] são originais em Schleiermacher


11. FILOSOFIA DA ESTÉTICA

• O fenômeno da arte sem linguagem (pintura, escultura, música) ou de forma autônoma e independente da linguagem

• Questões teóricas fundamentais para a interpretação [hermenêutica, linguagem]

• As artes sem linguagem são expressivas [linguagem interior e linguagem exterior]?

• A teoria da interpretação deve dar conta não apenas de fenômenos com linguagem, mas também dos sem linguagem

• Os métodos hermenêuticos de Schleiermacher tentam dar conta disso tudo

• Revisão ou manutenção da linguagem interior e dos princípios do sentido?





• Primeiro, negação da capacidade expressiva das artes sem linguagem

• Então, a poesia é a mera sucessão de objetos no tempo

• Então, escultura e pintura são meramente questões espaciais

• As artes são apenas questões de sentido [música = ouvidos, escultura = sentimento, pintura = visão]

• Essa negação era insustentável





• Segundo, afirmação da capacidade expressiva das artes, mas não de forma autônoma com relação à linguagem

• No entanto, os sentidos expressos pelas artes dependem da expressividade anterior da linguagem do-no artista

• Schleiermacher vai nesse caminho





• Schleiermacher fica indeciso entre duas posições

• Primeiro, as artes são expressivas pela linguagem, mas apenas de forma individual, nacional [não universal como ciência e religião] não articulável

• Segundo, as artes são expressivas pela linguagem, mas apenas na articulação da expressividade anterior do-no artista [universal, linguagem]

• No entanto, acho que escolhe a segunda!

• Assim, as artes sempre dependerão da expressividade da linguagem [através do autor, do artista]

• Manutenção da linguagem interior e dos princípios do sentido





• A prova de que a arte é expressiva é sua relação com a cultura e sua subordinação à religião

• Tendência predominante no romantismo alemão: subordinar a arte à religião

• Crítica à natureza trivial da arte moderna

• A ética e a psicologia de Schleiermacher vão no mesmo sentido

• A percepção da beleza tem relação com a inteligência do ser

• É perigoso a arte adquirir um independente e exaltado status

• O perigo é rebatido com a distinção entre beleza natural e beleza artística

• Assim, em Schleiermacher, o rebaixamento da arte torna-se exaltação dela na ética, na psicologia e na religião


12. FILOSOFIA DA DIALÉTICA

• Longa tradição: Platão, Aristóteles, Kant, Hegel

• A arte de resolver desacordos através da conversação

Conversação = comunicação oral e escrita, interna e externa





• Na dialética de Schleiermacher unem-se psicologia, lógica, ciência e religião

• Ele a chama de "puro pensamento", como distinto do pensamento prático [dia-a-dia e da arte]

• O puro pensar dialético busca a verdade e não meramente fins práticos ou invenções fictícias

• O que não significa que a verdade esteja separada deles [fins práticos ou invenções fictícias]

• Ou que eles [fins práticos ou invenções fictícias] não a busquem





• Conhecimento genuíno da verdade

Coerência sistemática com a totalidade do conhecimento e não como correspondência direta, conceitual e realista

• Mas sim como um acordo entre pessoas [teoria consensual da verdade]

• Diferentes pessoas, intelectos e linguagens, mas uma linguagem universal é difícil, mas pode ser alcançada de modo aproximativo no futuro [atitude de abertura]

• Tal atitude de abertura para a possibilidade de uma linguagem universal afastam os pré-juízos da superioridade de linguagem, pensamentos e pessoas

• A verdade e a linguagem universal funcionam como possibilidades de um acordo universal

• A atitude de abertura é condicionada à construção dos sentidos dos fatos através do desenvolvimento progressivo das interpretações

• A dialética de Schleiermacher como o correto entendimento e acordo com outra pessoa é próxima de sua filosofia da tradução

• Tanto a compreensão de outra pessoa quanto a compreensão do texto sempre ocorrem de modo aproximativo e nunca definitivo [padrão do romantismo!]

• A dialética é vista por ele como uma metodologia do desenvolvimento progressivo das interpretações





• Para evitar o problema do difícil acordo universal, a dialética deve restringir-se em uma esfera linguística específica

• Para resolver desacordos através da arte da conversação numa esfera linguística

• Restringindo a esfera linguística, os interlocutores são capazes de encontrar, achar algo de acordo

• As variáveis dos interlocutores são profissão, educação e classe

A arte de encontrar acordo pela conversação depende da arte da hermenêutica, da arte de interpretar os interlocutores e a esfera linguística





A preocupação cosmopolita de Shleiermacher pela humanidade constitui a razão moral para a promoção do diálogo intercultural

• A dispersão da humanidade em muitas culturas é outra razão para tal diálogo

• Os benefícios são muitos se os membros da sociedade realizarem tal diálogo

• Sobretudo o enriquecimento das perspectivas limitadas individuais através do contato e da incorporação de outras perspectivas

• Toward a Theory of Sociable Conduct (1799)





• A dialética depende da hermenêutica, mas a hermenêutica depende da dialética

A concepção da hermenêutica como disciplina universal engloba sua aplicabilidade às conversações

• Aplicação dos princíios hermenêuticos em contextos de conversação

• A hermenêutica é um componente importante do arte de alcançar acordos através da conversação





• Todas as expectativas de encontrar métodos na hermenêutica e na dialética de Schleiermacher são frustradas

Não se trata de metodologia, mas sim de filosofia!

• A distinção kantiana entre a priori [ser e deus] e empírico [sensações] varia de caso a caso

• A distinção analítica e sintética de kant é relativa

• Cabe a nós, caso a caso, decidir

• Schleiermacher quer encontrar um meio termo entre

• Dialética antiga, que tem a virtude da abertura, mas o vício do ceticismo

• Dogmatismo escolástico, que tem a virtude transcendental, mas o vício de pressupor e predizer tudo


13. FILOSOFIA DA ÉTICA

• duas fases: destrutiva e construtiva





FASE 1 DESTRUTIVA

• Crítica às teorias éticas

• On the Highest Good (1789)

• On What Gives Value to Life (1792–3)

• On Freedom (1790–3)





• Ataque à teoria ética de kant

• Crítica à ideia do sumo bem da felicidade como um pressuposto da moralidade

• Crítica a outros dois pressupostos [postulados]: alma e deus

• Crítica à incompatibilidade entre determinismo causal e a liberdade requerida pela responsabilidade moral

• Crítica à lei moral fundamental do imperativo categórico

• Crítica à intenção moral univesalizável como sendo de aplicação universal à humanidade

• Crítica ao imperativo categórico como fórmula de compromisso ao bem-estar da humanidade





• Schleiermacher é contra a ideia da uniformidade na ética [imperativo categórico]

• Na esfera moral tem muito valor a diversidade ou individualidade

• Diferentes indivíduos = diferentes sociedades humanas

• A diversidade individual e social é algo positivo

Na diversidade, é possível achar identidades [coisas em comum = através da conversação, da interpretação e da hermenêutica]

• É possível encontrar um equilíbrio entre diversidade e a totalidade da espécie ou da sociedade [humanidade]

• Outlines of a Critique of Previous Ethical Theory (1803)





FASE 2 CONSTRUTIVA

• Soliloquies (1800)

• Draft of an Ethics (1805–6)

• Tensão construtiva entre os lados da diversidade e da universalidade na ética

O dever/a obrigação moral realiza a tensão diversidade-universalidade no indivíduo

• Como a síntese entre comunidade com individualidade pode ser, o mesmo tempo, um fato da natureza e uma obrigação moral [falácia naturalística]?

Concepção ontológica e não prescritiva

• Imanência da razão na natureza [mais uma questão de ser do que de dever ser]

• Divisão da ética de Schleiermacher:
- Bens
- Virtudes
- Deveres

• Nessa sequência para demonstrar as prioridades

• Mistura de ética, política, metafísica, epistemologia e psicologia

• Não foi muito original nesse tema


14. FILOSOFIA POLÍTICA E SOCIAL

• Temas: direito, política, ética, liberalismo, economia, religião, estado, educação, feminismo

• On What Gives Value to Life (1792–3)

• On Religion (1799)

• Toward a Theory of Sociable Conduct - 1799

• Soliloquies (1800)

• Christmas Eve (1806)

• União de três posições:
- Compromisso cosmopolita de igual respeito às pessoas em toda a sua diversidade
- Herder e seu ideal de humanidade
- Leibniz e seu ideal de linguagem universal



DIREITO

• Reticente sobre questões de direito constitucional

• Na juventude, atraído pelo republicanismo e pela democracia

• Na maturidade, mais simpático com uma visão aristocrática e monárquica das formas de governo

• Estados menores e "inferiores" são democráticos

• Estados maiores e "superiores" são aristocráticos-monárquicos



LIBERALISMO

• Liberalismo radical

• Deve existir uma esfera de liberdade [liberdade com relação ao estado] na interação social

• Tornar possível o desenvolvimento e a comunicação da individualidade

• Contra inerferência estatal na religião

• Toward a Theory of Sociable Conduct - 1799

• On Religion - 1799



ÉTICA

• Liberalismo na ética

Contra interferência estatal nas universidades

• Sociabilidade, religião e ciência estão além da esfera de interferência legítima do estado

• Necessidade de libertar, liberar um domínio no qual o bem básico da individualidade possa se desenvolver

• Sermões de tom liberal



RELIGIÃO

• Questão da relação apropriada entre religião e estado [e religião e outras instituições sociais]

• Individualismo na religião

• Desenvolvimento autônomo de múltiplas formas de religião

• Centralidade da religião diante das instituições sociais é exemplificada pela família

• Christmas Eve (1806)



JUDAÍSMO

• Caso em que aplica sua ideia de liberdade religiosa: judeus prussianos

• Interpretação simpática do judaísmo antigo e crítica do moderno anti-semitismo

• Letters on the Occasion of the Political-Theological Task and the Open Letter of Jewish Householders (1799)

• Judeus devem ser titulares de todos os direitos civis

• Sem necessariamente utilizar o expediente do batismo, o qual sofre inteferência estatal

Posição liberal quanto aos judeus, embora seja crítico do judaísmo como religião



FEMINISMO

• Posições feministas

• Coragem às mulheres para a luta por bens que tradicionalmente têm sido monopólio dos homens

• As mulheres são consideradas uma fonte moral e intelectual valiosa para o benefício e melhoria da sociedade como um todo

• “Você não deve dar falso testemunho para os homens. Você não deve embelezar a barbárie com palavras e obras ”

• As mulheres têm a habilidade de direcionar a conversação social além do limite profissional

• Mulheres reconhecem e respeitam mais a individualidade do que os homens, que reconhecem e respeitam mais generalizações abstratas

• O casamento seria uma chance de um dar ao outro, de forma complementar, uma mistura valiosa desses reconhecimentos

• Já na maturidade, adotou posições mais conservadoras sobre as mulheres

• Idea for a Catechism of Reason for Noble Ladies

• Confidential Letters Concerning Friedrich Schlegel’s Lucinde (1800)

• Toward a Theory of Sociable Conduct



ECONOMIA

• Crítica de instituições sociais e econômicas centrais da modernidade e seus efeitos prejudiciais

• Ataque ao iluminismo

Crítica à moderna divisão do trabalho [bloqueio da do desenvolvimento da individualidade das pessoas]

• A solução é o desenvolvimento de uma esfera de sociabilidade como interação social na qual impere a conversação livre

• A típica repetição do trabalho moderno é um obstáculo ao desenvolvimento pessoal intelectual e religioso

• Acredita que a tecnologia vai liberar as pessoas da divisão e repetição do trabalho

Crítica ao hedonismo, utilitarismo e materialismo da modernidade como obstáculos ao desenvolvimento pessoal intelectual e religioso

• Acredita ser possível o renascimento de uma vibrante vida religiosa e moral

• The Soliloquies

• Toward a Theory of Sociable Conduct

• On Religion



EDUCAÇÃO

• Pedagogia ou filosofia da educação

• Predecessor de Humboldt

• Espírito liberal e progressivo

O modelo da universidade moderna

• A universidade deve promover não apenas conhecimento, mas também a individualidade

• Independência da universidade com relação ao estado

A liberdade deve prevalecer na universidade: para professores e para estudantes

• Admissão de estudantes na universidade unicamente pelas suas qualificações acadêmicas

Filosofia deve substituir a teologia na universidade

• Combinação de pesquisa e ensino

• A linguagem é mais fundamental do que o pensamento; e a linguagem oral mais fundamental do que a escrita

• Ensino deve priorizar a linguagem oral

Gestão universitária deve ser democrática

• Estudantes das classes menos favorecidas devem não só ser admitidos na universidade, mas também receber suporte financeiro do estado

• Occasional Thoughts on Universities in a German Spirit, together with an Appendix on One about to be Founded - 1808





• Todas essas posições, na maturidade, tornaram-se mais conservadores e cristãs ortodoxas


15. FILOSOFIA DA RELIGIÃO

Salvar a religião do iluminismo, de um lado e, de outro, do ceticismo romântico

Defender a religião das ciências naturais modernas e da abordagem histórica e filológica moderna

• A religião de Schleiermacher não pode estar baseada na moralidade [Deus, alma] mais do que na metafísica ou na ciência [crítica a Kant]

• O fundamento da religião não é teórico nem moral

• Baseia-se numa intuição ou sentimento imediato de dependência do-relação com universo como um todo

• Que não é mediada por conceitos, mas é uma força motivadora manifesta em ações

• Multiplicidade das formas de religião e tolerância religiosa

• No entanto, há uma hierarquia nessa multiplicidade:
- animismo, baixo
- politeísmo, meio
- monoteísmo, alto

• No monoteísmo, destaque ao cristianismo

• Que introduz "a ideia de que tudo que é finito requer mediação [de Cristo] na conexão com o divino" (On religion)

No entanto, destacando a natureza polêmica, opositora e reativa do cristianismo

• A posição religiosa e moral do cristianismo é definida por uma oposição hostil

• As cruzadas, a inquisição, as guerras religiosas e muitos outros horrores só pararam com as revoluções modernas e iluministas, que tornaram o poder do cristianismo impotente

• A religião monoteísta é uma anti-religião, definida desde o começa em oposição com outras religiões e culturas

• Desde o começo, o cristianismo foi uma reação ressentida contra o domínio das culturas grega e romana sobre a Palestina

• Todos os valores morais cristãos são desenvolvidos como uma inversão sistemática dos valores tradicionais gregos e romanos

• Defesa do pluralismo religioso, da tolerância e de uma visão crítica da história do cristianismo

• Interpretação de Jesus como uma combinação humana e divina

• Importante passo para a consideração mais natural e plausível da vida de Jesus

• On Religion: Speeches to Its Cultured Despisers from 1799

• The Christian Faith


16. BIBLIOGRAFIA

• On the Highest Good [summum bonum] (1789)

• On What Gives Value to Life (1792–3)

• On Freedom (1790–3)

• Brief Presentation of the Spinozistic System (1793)

• On Religion: Speeches to Its Cultured Despisers (1799)

• Idea for a Catechism of Reason for Noble Ladies (1798)

• Letters on the Occasion of the Political-Theological Task and the Open Letter of Jewish Householders

• Toward a Theory of Sociable Conduct

• Soliloquies (1800)

• Outlines of a Critique of Previous Ethical Theory (1803)

• Confidential Letters Concerning Friedrich Schlegel’s Lucinde (1800)

• Christmas Eve (1806)

• Occasional Thoughts on Universities in a German Spirit (1808)

• On the Different Methods of Translation (1813)

• The Christian Faith (1821)


The Stanford Encyclopedia of Philosophy.

"Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher", (Fall Edition)

Forster, Michael, 2017

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