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14.7.20

PAIDEIA - 15 - ESQUILO - 20202




PAIDEIA

OO DRAMA DE ÉSQUILO

Paideia

2020/jul/14





1
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O QUE VEREMOS?

- ÉSQUILO E AS CLASSES

- O COMBATENTE DE MARATONA

- O POETA DO ESTADO

- DESENVOLVIMENTO DA POESIA

- TRANSFORMAÇÕES DO MITO


- NASCIMENTO DA TRAGÉDIA

- A POESIA E O ESTADO

- A ELEVAÇÃO E TRANSPOSIÇÃO DIONISÍACA DA TRAGÉDIA

- PROBLEMA TEOLÓGICO

- PROMETEU: A TRAGÉDIA DA HUMANIDADE


1. ÉSQUILO E AS CLASSES

- Nobres, tiranos e povo

- Lutas pelo poder

- Clístenes faz o mesmo que Pisístrato

- Apoio do povo contra os nobres

- Divisão regional do território

- O que rompeu os laços de sangue e diinuiu o poder dos nobres

- Mesmo assim, os nobres continuavam mantendo sua influência na política

- Ésquilo, o poeta mais importante da época, era filho da nobreza

- Obras: Suplicantes, Os persas, Sete contra Tebas, Agamenon, Orestéia


2. O COMBATENTE DE MARATONA

- Piedade pessoal de Ésquilo

- Teologia dos mistérios

- Sagrado segredo dos mistérios

- O conhecimento das coisas divinas

- No seu epitáfio, diz apenas que participou na batalha de Maratona

- Sem fazer menção à sua poesia

- Para Aristófanes, Ésquilo foi o combatente de Maratona

- Representante do novo Estado


3. O POETA DO ESTADO

- As batalhas de Maratona e Salamina

- Todo o povo numa batalha naval

- Atenas alicerçou seu poderio

- Revelação da profunda sabedoria que governa o mundo de acordo com a justiça eterna

- Novo heroísmo na luta pela independência

- Ressurreição do ser humano heróico dentro do espírito de liberdade

- Espírito de Tirteu sob a ideia da liberdade e do direito

- Dramas de Ésquilo refletem esse contexto

- Sólon, seu guia espiritual

- A força trágica está na liberdade, na vitória, no direito e no Estado

- As personagens da tragédia, todas elas, falam politicamente

- Força educadora, moral, religiosa e humana

- Tudo isso engloba a ampla concepção do novo Estado

- De Píndaro até Platão, da aristocracia de sangue à aristocracia de espírito

- Só passando por Ésquilo e possível fazer esse caminho

- "Difícil é dizer se foi o Estado que predominantemente impulsinou o espírito ou se foi o espírito que impulsinou o Estado"

- Estado como a profunda luta de todos os cidadãos atenienses para se libertarem do caos dos séculos passados até conseguirem as desejadas forças morais e a realização do cosmos político

- Estado como força que põe em conexão todos os esforços humanos [estado e justica divina]

- A consciência da vitória gerou a cultura popular [Péricles, Sófocles, Eurípides, Sócrates]

- A tragédia devolve à poesia grega a capacidade de abarcar a unidade de todo o humano

- Só a epopeia homérica pode a ela se comparar


4. DESENVOLVIMENTO DA POESIA

- Poesia pós-homérica

- Desenvolvimento crescente do puro conteúdo de pensamento

- Quer na forma de exigência normativa para a comunidade

- Quer como expressão pessoa do indivíduo

- O mito ou é abandonado [Tirteu, Calino, Arquíloco, Simônides, Sólon, Teógnis]

- Ou o mito é introduzido na forma de exemplos isolados [Hesíodo, Píndaro]

- Parte dessa poesia são preceitos e avisos de ordem geral

- O resto são reflexões mais ou menos filosóficas

- Até o louvor agora dirige-se a pessoas reais e vivas

- A poesia torna-se expressão da vida na ordem social ou privada

- Abandona-se a tradição heróica

- Podia-se prever uma evolução da poesia para a jovem prosa filosófica e narrativa

- Agora será a poesia a tratar da arete, da tyche, do nomos e da politeia

- No entanto, na tragédia a poesia ainda não está suficientemente racionalizada, utilizando-se ainda dos mitos

- Na tragédia, a poesia ainda assume uma força ideal diretriz da vida

- "É deste solo que brota o maravilhoso fruto da tragédia. Alimenta-se de todas as raízes do espírito grego; mas a sua raiz principal penetra na substância originária de toda a poesia e da mais alta vida do povo grego, quer dizer, no mito."

- Na tragédia aconteceu o milagre da ressurrição do mito e do espírito heróico grego

- A poesia de Ésquilo representa todo esse desenvolvimento de dissolução e de reafirmação do mito


5. TRANSFORMAÇÕES DO MITO

1

- Elemento de idealidade

- Enaltece o atual referindo-se ao mito

- Eleva a realidade com o uso de exemplos míticos



2

- Como objeto integral da exposição

- Mas com novos usos na exposição



3

- Renasce o interesse histórico de compreensão da Ilíada e da Odisseia

- Historicização dos mitos

- Dissolução da forma épica na prosa [cronistas]



4

- Transfiguração da forma épica na lírica

- Atitude crítica e racional

- Logos, Rythmos e Harmonia


6. NASCIMENTO DA TRAGÉDIA

- A tragédia "é a mais alta manifestação de uma humanidade para a qual a religião, a arte e a filosofia formam uma unidade indivisível"

- Nova concepção de ser humano

- Nova concepção de mundo

- Força educadora

- Qualquer tentativa unilateral da história da filosofia, da religião ou da literatura em captar essa unidade, vai falhar!


7. A POESIA E O ESTADO

- A hegemonia da tragédia coincide com o apogeu e decadência do poder civil do Estado

- A tragédia contribuiu tanto para a afirmação quanto para a decadência do Estado

- Ésquilo, Sófocles, Eurípedes

- A tragédia nunca deve ser vista apenas do ponto de vista artísticos, mas sobretudo desde o ponto de vista político, como "rainha da comunidade"

- Os poetas tinham uma função diretiva da comunidade maior do que a dos políticos

- Desse ponto de vista pode-se compreender a intervenção do Estado platônico na liberdade de criação poética [inexplicável desde um ponto de vista liberal]

- É na poesia de Ésquilo que essa ideia da ligação da poesia com o Estado aparece de forma límpida pela primeira vez!


8. A ELEVAÇÃO E TRANSPOSIÇÃO DIONISÍACA DA TRAGÉDIA

- A tragédia cada vez mais popular nas festas dionisíacas estatais

- O ideal de um teatro nacional

- Ésquilo trouxe Dionísio para o palco!

- O êxtase dos atores na tragédia era verdadeiramente dionisíaco

- Os espectadores compartilhavam a dor dos atores, especialmente os cidadãos que formavam o coro

- O coro foi a alta escola da Grécia [o coro tranforma-se em ator e ganha um locutor nas mãos dospoetas trágicos]

- A ação do coro foi bem mais profunda do que a de qualquer forma de ensino

- As festas com as encenações das tragédias chegavam a ser o ponto culminante da vida do Estado

- Todos se entregavam de corpo e alma em homenagem a Dionísio

- O poeta enfrentava um público disposto a sentir e a emocionar-se

- O poeta trágico alcançou verdadeira importância poítica

- A força dos dramas míticos e trágicos não deriva de sua referência à realidade

- Pelo contrário, abalava a existência real e comum por meio de uma fantasia, cujo auge era o êxtase dos coros [dança e música, com alto poder emotivo]

- "O consciente afastamento da linguagem cotidiana elevava o espectador acima de si mesmo, criava um mundo de uma verdade mais alta"

- Ésquilo como o primeiro dos Gregos que ergueu as palavras à altura da mais alta nobreza

- "Era tão grande o seu afastamento da realidade comum, que a fina sensibilidade dos Gregos descobriu na paródia e transposição de suas palavras para as situações da vida cotidiana uma fonte inesgotável de efeitos cômicos. Todo o drama se consuma numa esfera da mais alta elevação e perante espectadores impregnados de piedade religiosa"

- O que a tragédia faz é concentrar toda a maldição do destino humano [deuses, ate, tyche, moira, dáimon] ante os olhos dos espectadores: aí está sua força dramática e seu poder instantâneo e imediato de êxtase!

- O destino superpessoal une-se à arete pessoal

- O trágico na tragédia é a representação do sofrimento humano no destino [geralmente na forma de trilogias], cujo auge se dá nos êxtases do coro através de dança, música e canto

- Além disso, os locutores representavam o problema religioso do destino humano e o mistério da dor enviada pelos deuses

- A divindade se encontra no auge do seu poder, no centro das lutas humanas, e governa tudo com sua vontade [tal como em Sólon]

- O sucesso dos poetas trágicos está em transformar os mitos em representação cotidiana da hybris: estadista, tirano, etc.

- Os mitos era tragédias em potencial

- Exemplos de modernização dos mitos por parte de Ésquilo são os usos que faz de Édipo e de Prometeu


9. PROBLEMA TEOLÓGICO

DEUSES

- ate, tyche, moira, dáimon

- governo divino do mundo

- razão e vontade dos deuses

- destino

- a divindade é sagrada e justa em sua ordem eterna e inviolável

- julgamento, castigo e graça

- Os deuses aparecem ora como déspotas violentos

- Ora como sábios da justiça

- O mistério eterno do Ser



HUMANOS

- autoconsciência

- autodeterminação

- consciência, situação e ação do herói [em seu destino sofredor]

- participação

- culpa

- responsabilidade

- sorte, fortuna, felicidade e dor

- desejo e hybris

- conhce-te e ti mesmo

- piedade apolínea

- "Quando a hybris floresce, traz como fruto a cegueira"

- "Zeus ameaça com a vingança/castigo a soberba desmedida e orgulhosa, exigindo-lhe contas rigorosas"

- pathos da experiência da sedução demoníaca e da cegueira humana, que conduz ao abismo da tragédia

- já a humanidade é trágica!

- Hermes adverte: não se pode escapar ao destino!

- se a humanidade respeitar a ordem divina do mundo, ethos e justiça; se desrespeitar, hybris e tragédia!


10. PROMETEU: A TRAGÉDIA DA HUMANIDADE

- Uma figura individual que domina toda sua trilogia

- Os erros de Prometeu têm origem nele mesmo [culpa, responsabilidade, desejo, hybris]

- "Foi a ajudar os outros que criei o meu tormento"

- Prometeu, o sofista [aqui ainda no bom sentido!] traz a luz/fogo/criação/invenção/saber/progresso/civilização/cultura à humanidade sofredora

- "A concepção fundamental do roubo do fogo [um pecado! um crime!] encerra uma ideia filosófica de tão grande profundidade e grandiosidade humana, que o espírito do Homem jamais poderia esgotar"

- Prometeu é símbolo que expressa a tragédia do heroísmo doloroso e militante de toda criação humana

- Só pelo caminho da dor e do sofrimento se chega ao mais elevado conhecimento!

- Apesar de toda hybris, a ordem vence o caos; tal é o sentido da dor, ainda quando não o comprendemos [destino]

- Toda a cultura humana e todas as oposições deverão congraçar-se no cosmos eterno, na harmonia com o Ser [unidade!]


JAEGER, Werner.

Paideia: a formação do homem grego. 4.ed.

São Paulo, Martins Fontes, 2001.

O drama de Ésquilo, p.281-313

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