░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░






░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░





░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░ ░


22.6.20

PAIDEIA - 10 - AUTOFORMACAO DO INDIVIDUO NA POESIA - 20201




PAIDEIA

Autoformação do indivíduo na poesia

Paideia

2020/jun/23



O QUE JÁ VIMOS?

1 PRÓLOGOS (Clique aqui)
- PAIDEIA
- TUDO JUNTO
- OS GREGOS E NÓS
- HISTÓRIA TRADICIONAL
- HISTÓRIA ALTERNATIVA

2 INTRODUÇÃO (Clique aqui)
- ANTIGOS
- MODERNOS

3 LUGAR DOS GREGOS NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (Clique aqui)
- EDUCAÇÃO
- COMUNIDADE
- MUTABILIDADE
- IMUTABILIDADE
- PROXIMIDADE FAMILIAR
- ESTRANHEZA DISTANTE
- POVOS ORIENTAIS
- SENTIDO DE HISTÓRIA
- EDUCAÇÃO GREGA
- CÍRCULO VICIOSO DO POSITIVISMO
- CULTURA HOJE
- CULTURA GREGA
- ARTE
- FILOSOFIA
- POLIS

4 NOBREZA E ARETE (Clique aqui)
- FUNÇÃO SOCIAL-COMUNITÁRIA DA EDUCAÇÃO
- FORMAÇÃO DO SER HUMANO
- NOBREZA
- ARETE, AIDOS, NEMESIS, ARISTOI, ARISTEIA
- HOMERO

5 EDUCAÇÃO DA NOBREZA E HOMERO (Clique aqui)
- NOBREZA
- ILÍADA
- ODISSEIA
- MULHERES
- EDUCAÇÃO
- DEUSES
- PARADIGMA MÍTICO EXEMPLAR

6 HOMERO EDUCADOR (Clique aqui)
- CRÍTICAS À POESIA
- POESIA GREGA
- ILÍADA
- ODISSEIA
- EDUCAÇÃO EM HOMERO
- ESCUDO DE AQUILES

7 HESIODO E VIDA NO CAMPO (Clique aqui)
- HOMERO
- HESIODO
- ERGA
- OS TRABALHOS E OS DIAS
- TEOGONIA
- MITO - PROMETEU
- MITO - PANDORA
- MITO - IDADES DO MUNDO
- MITO - FALCÃO E ROUXINOL
- DIREITO
- FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO

8 ESPARTA (Clique aqui)
- POLIS
- ESPARTA E OS POEMAS DE TIRTEU
- CRÍTICAS AO IDEAL ESPARTANO
- NOMOS E RHETRA
- SOLUÇÃO ESPARTANA
- TIRTEU E POLISAÇÃO

9 ATENAS (Clique aqui)
- ESTADO JURÍDICO-POLÍTICO DE ATENAS
- CODIFICAÇÃO E LEGALIDADE
- THEMIS
- DIKE
- DEMOCRACIA
- NOVO TIPO DE SER HUMANO
- EDUCAÇÃO
- DIREITO E FILOSOFIA, FILOSOFIA E DIREITO NA EDUCAÇÃO


O QUE VEREMOS?

- A PROSA VENCEU A POESIA

- NOVO LUGAR DA POESIA

- POESIA COMO AUTOAFIRMAÇÃO

- ARQUÍLOCO

- SEMÔNIDES

- MIMNERMO

- ALCEU

- SAFO


1. A PROSA VENCEU A POESIA

- Estado

- Direito

- Democracia

- Cidadania

- Não existia criação poética própria estatal

- Apenas a fundação de algumas cidades utilizavam a forma épica tradicional

- Não existia uma epopeia do estado, tal como haverá na Eneida de Vírgílio para os romanos

- O novo ethos do estado é a prosa!

- Expressão revolucionária tal como ocorreu na codificação das leis escritas (do nomos à rhetra)

- Luta pela submissão da vida e da ação a normas ideais rigorosas e justas

- Segunda natureza (BIOS POLITIKOS)

- Estado racional não tem qualquer afinidade com a origem poética


2. NOVO LUGAR DA POESIA

- Esfera da intimidade, vontade pessoal

- Alheia à vida política, em segundo plano

- Novo mundo à poesia

- Maior importância para a história da educação

- Os poetas exprimem em nome próprio seus sentimentos e opiniões

- Paixões

- Direitos

- Humor

- Fábulas

- Seja qual for a expressão poética, ela sempre pressupõe a estrutura social da polis

- O indivíduo sempre deve ser entendido na sua sujeição e liberdade na polis

- Individualismo poético, mas, diferentemente do cristianismo e da modernidade, submetido à norma [dever ser]

- Para os gregos, o eu está em conexão com o mundo, com a natureza e com a sociedade [objetividade]

- A objetivação tem suas leis próprias que servem de modelo às próprias leis internas

- O ideal transfere-se (transposição) para o real, primeiro na cidade, segundo para a individualidade

- Fato importante para a história da educação

- Apropriação da epopeia [da tradição] por parte da polis e da personalidade

- Elevação do indivíduo a um maior grau de liberdade

- Homero, por ser a fundação, o início, está sempre de algum modo presente


3. POESIA COMO AUTOAFIRMAÇÃO

- O que há de novo é a consciência de si dos poetas

- O poeta, que não é de linhagem nobre, veste a forma épica para sua vida inteira

- Elevação da individualidade às normas ideais de Homero tida como inadequada

- Conhecimento das próprias limitações

- Afirmação de si próprio em face dos ideais inapropriados da tradição = libertação!

- Os efeitos cômicos do humor diante desses ideais da tradição são como uma crítica libertadora

- As narrativas heróicas da humanidade cedem espaço às suas alternativas trágicas e cômicas

- Os heróis têm de pensar em comer [têm limites!]

- Abrandamento espontâneo e sincero das convenções, modelos e ideais rigorosos da tradição

- Rebelião contra a força da tradição

- Liberdade, inércia, comodismo, prazeres da vida [motivos hedonistas]

- Ninguém depois de morto é honrado

- Quem conhece a baixeza da grande massa perde todo o respeito à voz comum [demos]

- O espírito do ser humano é tão mutável como os dias que Zeus ilumina [relativismo]

- A ética nobre,quando transferida para a massa, perde qualquer sentido

- Assim, a polis suscita a crítica como prevenção contra a maior liberdade


4. ARQUÍLOCO

- Primeiro censor crítico tido como mestre dos gregos

- Aparição da sátira na polis grega de crescente liberdade

- Explosão do popular das festas de Dionisos

- O poeta não aparece apenas como o porta-voz da opinião comum, mas também como seu crítico contraditor [críticas, p. ex. aos escândalos públicos]

- Poeta e sua vocação para a publicidade, pois sempre apela aos concidadãos e à comunidade [polis]

- Não há mais o paradigma mítico exemplar, mas as sátiras e fábulas permanecem como tradição didática popular

- Os temas preferidos das sátiras são as mulheres [Hesíodo e Semônides] e os homens [Aristófanes]

- Função social e pública da sátira e das fábulas

- As paixões humanas não podem ser dominadas pela educação, o que exige outra válvula de escape: a crítica da sátira

- O poeta pensa a cidade inteira como um público presente; ele é, na crítica da sátira, simultaneamente acusador e juiz

- O poeta censor da crítica pressupõe um elemento normativo que serve de medida de valor de julgamento

- Passa-se da poesia satírica à poesia didática [reflexiva]

- Quanto mais livre o eu na polis, mais forte o problema religioso do destino [Tyche e Moira]

- Tudo o que o ser humano tem lhe é dado por Tyche como dom

- A luta do ser humano contra o destino é transferida do mundo dos heróis para a atualidade da esfera da vida real

- Só é possível um ser humano interiormente livre numa forma de vida escolhida e determinada por ele mesmo

- Não riquezas, não soberanos, não deuses

- Intuição de um ritmo [forma, esquema, legalidade] na totalidade da existência humana

- Ritmo entendido como o que impõe firmeza e limites ao movimento e ao fluxo

- Ritmo como limitação do movimento, da mudança

- Nova formação humana = Ritmar a polis e as paixões

- Auto-submissão da polis e das paixões às leis

- Separar o humano da epopeia, mas, ao mesmo tempo, transformar a epopeia em vida pessoal


5. SEMÔNIDES

- Caráter didático

- Intenção educadora

- A sabedoria de Homero sobre a brevidade da vida humana é afirmada, mas

- A novidade está na consequência

- Gozar os prazeres da vida enquanto é tempo

- Motivos hedonistas

- Transposição dos mitos heróicos para o mundo humano [educação]

- Contrabalancear a polis [cidadania, bios politikos] com a vida privada

- Equilibrar modelo espartena com modelo ateniense

- A liberdade do indidualismo [maiores prazeres, felicidade individual] era o complemento necessário da rigorosa legalidade da polis

- A poesia individualista e hedonista foi necessária para encontrar em Atenas o equilíbrio necessário

- Poesia, filosofia e educação: todas se fundamentam em princípios universais


6. MIMNERMO

- Mestre do gozo pleno da vida

- Sem a loira Afrodite não há vida nem prazer

- A poesia acolhe a esfera dos prazeres individuais

- Direitos da vida individual

- A poesia hedonista é um dos momentos críticos mais importantes da formação humana e da evolução grega

- Problema do indivíduo como uma luta entre prazer e nobreza

- Luta que atinge seu ponto máximo nos sofistas e suas disputas com as éticas de Sócrates, Platão e Aristóteles

- O paradoxo da poesia está em afirmar a liberdade individual, mas, ao mesmo tempo, instaurar a legalidade da polis

- O paradoxo do estado está em dar sentido à vida individual, mas, ao mesmo tempo, ameaçá-la com a opressão

- Poesia, filosofia e educação: todas se fundamentam em princípios universais

- Transposição dos mitos heróicos para o mundo humano [educação]


7. ALCEU

- Intimidade da vida individual

- Experiências pessoais

- Sensibilidade individual

- Pura expressão de sentimentos

- Dar forma universal aos sentimentos mais subjetivos

- Conexão da poesia, da filosofia e do estado

- Banquetes masculinos e bebida

- Canções nupciais e amorosas

- A natureza deixa de ser um espetáculo objetivo, tornando-se movimentos da alma humana e de suas paixões

- Filosofia de bebedores que sepulta as agruras da vida pessoal na embiraguez dionisíaca

- Nua solidão humana e pessoal perante o ser


8. SAFO

- Intimidade da vida individual

- Conexão da poesia, da filosofia e do estado

- Poesia feminina [poder do eros feminino]

- Mundo das mulheres

- Nova mulher, não simplesmente mãe, amante ou esposa

- Uma mulher solteira ao serviço das musas

- Danças, cânticos e jogos

- Poesia e educação

- A mulher tem direito de acesso ao mundo das musas e à [auto] formação de sua personalidade

- Em Safo, o eros não tem nada a ver com psicologia, sensualidade ou com moral cristã burguesa

- É a plenitude de sentimento e de entrega das profundezas alma humana

- O sentimento do amor está no centro da existência da mulher [nada a ver com matrimônio, pois nessa época nada tinham a ver com amor]

- Safo = amor, melancolia e tragédia na sua lenda misteriosa: seus próprios sentimentos de amor infeliz e salto dos rochedos

- Simplicidade das descrições das experiências e sentimentos da intimidade feminina

- É como porta-voz do amor que Safo entra no reino da poesia, antes reservado apenas aos homens

- "O que há de mais belo na Terra é ser amado por quem o coração suspira"


JAEGER, Werner.

Paideia: a formação do homem grego. 4.ed.

São Paulo, Martins Fontes, 2001.

Autoformação do indivíduo na poesia, p.148-172

Creative Commons License