INTRODUÇÃO
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1 Os filósofos foram, ao longo da história, muito importantes para a educação. Platão fundou, por exemplo, a academia. Aristóteles criou o liceu. Todos as escolas filosóficas do helenismo também criaram grupos, tais como os epicuristas (escola do jardim) e os estóicos (escola da 'stoa').
2 Os principais movimentos da filosofia pós-aristóteles, ou seja, na época do helenismo, são os céticos, os hedonistas ou epicuristas, os estóicos, os cínicos, etc. Todos funcionavam como escolas e movimentos culturais na época de transição de Atenas para Alexandria como centro cultural.
3 Os movimentos filosóficos do helenismo foram importantes por duas razões: primeiro porque fizeram a transição da Grécia para Roma em termos culturais e, segundo, porque fundaram escolas onde a elite romana pagã foi educada.
4 É correto dizer que o cristianismo recebeu influência apenas do judaísmo, mas não da filosofia grega, do helenismo e da elite romana e do povo romano, pois seus primeiros doutrinadores, chamados os padres da Igreja, escreveram apologias apenas ao judaísmo.
5 Os primeiros padres da Igreja católica elaboraram a doutrina cristã inicial sem a colaboração da filosofia e do contexto cultural romano, pois isso fica claro nos pensamentos de Agostinho e Boécio.
6 Desde muito cedo, a filosofia demostrou ser compatível com a religião cristã nascente, pois ambas demandam as mesmas coisas: pensamento racional, seguidores fiéis, comportamentos dogmáticos e pregação, sem contar a formação de grupos de pessoas em comunidades.
7 Todas as escolas filosóficas do helenismo eram tidas como filosofias comportamentais ou da vida. Isso quer dizer que se preocupavam com a vida virtuosa e feliz. Mas, claro, como não poderia deixar de ser, divergiam na definição e no caminho da felicidade.
8 A felicidade, para Aristóteles e Platão, filósofos do helenismo, era uma mistura de metafísica e cosmologia, pois ser feliz era definido como conhecer (logos) e agir de acordo com a natureza (physis) em contraposição às convenções humanas (nomos).
9 Para os céticos, não existe nenhum fundamento para a possibilidade do conhecimento da natureza (physis) e de sua distinção com as convenções (nomos). O melhor caminho para a felicidade seria a suspensão de todo e qualquer juízo ou julgamento (epoché).
10 Os epicuristas e os estóicos concordavam com os céticos a respeito da impossibilidade do conhecimento e de sua fundamentação na razão ou nos sentidos.
11 Para os epicuristas, que são materialistas e atomistas, há a possibilidade da liberdade da alma. Eles pensaram tal possibilidade não determinista com a noção de vontade e decisão humanas como desvio na necessidade e causalidade.
12 Os estóicos, ao contrário dos epicuristas, acreditam na alma do mundo, ou seja, que tanto a alma como o mundo são determinados por uma teologia, que fundamenta a isomorfia entre linguagem, lógica e mundo físico, que foi expressa na frase "no princípio, era o Verbo".
13 Se a felicidade é viver em harmonia com a natureza, então os estoicos criaram uma medicina da alma, chamada de 'tetrapharmacon', mais ou menos como uma receita para a felicidade: não preocupar-se com Deus; não procupar-se com a morte; prazer na medida de sua necessidade; o mal é sempre passageiro.
14 A ética de Epicuro é uma educação da alma para a autarquia, que significa governo de si mesmo para a sabedoria das melhores decisões e escolhas.
15 Já a ética dos estóicos é uma educação da alma para, diante do prazer, que é fonte de conhecimento, saber encontrar a exata e a justa medida do prazer para a satisfação e não para a frustração.
16 Agostinho foi o primeiro pensador cristão. Por isso, uniu o mundo grego da necessidade e do determinismo com o mundo cristão da liberdade da vontade humana. Fez isso analisando o problema do mal como privação e ligado à filosofia da história e à liberdade humana.
17 A doutrina cristã da autonomia da vontade de Agostinho foi boa e ruim, ao mesmo tempo, para a Igreja. Boa porque explicou o problema do mal unindo Deus e o ser humano, mas, ao mesmo tempo, foi ruim porque inventou o "eu" como instância decisória que preparou terreno para a revolução moderna.
18 A liberdade humana pode ser exemplificada por Platão (parábola da biga), por Agostinho (doutrina do livre-arbítrio) e por Freud (estrutura da personalidade: ego, id e super-ego). Todos os exemplos mostram a dificuldade humanas de, em cada caso, tomar decisões livres.
19 É correta a comparação de Sócrates com Boécio porque, apesar de não serem contemporâneos, ambos foram presos e mortos por razões políticas e filosóficas.
20 Boécio, na sua obra 'a consolação da filosofia', tentou resolver o problema do mal, mas não conseguiu, pois simplesmente copiou o modelo platânico dos dois mundos, um físico humano e um metafísica divino.
