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22.7.21

JULGAMENTO DE SÓCRATES PARTE 3











COLUNA #6,
HISTEDBR,
"O JULGAMENTO DE SÓCRATES: A MOSCA NA SOPA (PARTE 3)"
Prof. Zanin,
09dez2020













Olá, tudo bem?

Sou o Professor Zanin.

Bem-vindo à coluna “A lei é pensar o educar”!

Hoje vamos pensar sobre a terceira parte do julgamento de Sócrates, na qual abordaremos a missão divina de Sócrates na cidade.








Nas colunas anteriores, vimos a primeira parte (coluna 4, método socrático) e a segunda parte do julgamento de Sócrates (coluna 5, quem deve educar os jovens?).








Durante a sua defesa, Sócrates utiliza seu método dialógico e questionador para mostrar as contradições das acusações dirigidas a ele.

Uma dessas acusações é a de que não acredita nos deuses da cidade, mas incentiva novos deuses.

Ora, Sócrates pergunta, como é possível ensinar a acreditar nos deuses, não acreditando neles?








Então, mais uma vez deixando evidente a sua separação dos sofistas, diz ser Meleto, seu acusador, arrogante e imprudente ao zombar de todos no tribunal, propondo enigmas e contradições de propósito e achando que ninguém irá perceber.

Diz sobre Meleto: “Conseguirei enganar a Sócrates e a todos que me ouvem?”








O argumento do oráculo de Delfos, de que Sócrates era o ser humano mais sábio da Grécia, juntamente com a missão divina que daí veio, de dialogar com os mais sábios e provar que não era sábio, compõe a defesa de Sócrates no sentido de que não pode, ao mesmo tempo, acreditar nas coisas divinas e não acreditar nos deuses.








“A mim me acontece qualquer coisa de divino”, diz Sócrates, “ouço uma voz, e toda vez que isso acontece ela me desvia do que estou a pique de fazer, mas nunca me leva à ação”.

Essa voz é o que chamamos de consciência, e que devemos passar a vida toda a examinar para termos uma vida boa, virtuosa e feliz!








Quando Sócrates diz que “o deus me ordenava, como penso e estou convencido, que eu devia viver filosofando e examinando a mim mesmo e aos outros”, então é inegável que acredita ser portador de uma missão divina.

Sua vida filosófica, cuja fonte é divina, refuta, portando, a acusação de não acreditar nos deuses.








Sócrates é considerado o pai da ética por cumprir essa missão de fazer com que todos examinem a sua própria vida desde o ponto de vista da virtude.

Tal missão ética tem conseqüências políticas na cidade.

Diz Sócrates: “creio que nenhum bem maior tendes na cidade, maior que este meu serviço divino”.








E continua: “Por toda parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo e com as riquezas, como devem preocupar-se com a alma, para que ela seja quanto possível melhor, e vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vem, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados”.








Sócrates afirma que, se os atenienses o condenarem à morte, quem perde são eles mesmos, pois, a sua defesa é feita por amor a eles e aos deuses e não de si mesmo.

O maior mal não é ser vítima e sofrer uma pena, mas sim, fazer como seus acusadores, suposições falsas, imprudentes e mentirosas que podem matar um ser humano injustamente.








Costumam comparar Sócrates a um mosquito, um carrapato ou um curinga para explicar a sua missão divina de adaptação à cidade.

O mosquito e o carrapato sempre incomodam, atrapalham, tiram do sono, da acomodação.

O mesmo com o curinga nas cartas do baralho, que é diferente das cartas vermelhas e pretas.

Exatamente como a mosca na sopa da música de Raul Seixas, “que perturba o seu sono no seu quarto a zumbizar”.








Diz Sócrates: “Pois que, se me mandarem matar, vocês não vão encontrar facilmente outro igual, que (...) tenha sido adaptado pelo deus à cidade, do mesmo modo com a um cavalo grande e de pura raça, mas um pouco lerdo pela sua gordura, é aplicada a necessária esporada para sacudi-lo, assim justamente me parece que o deus me aplicou à cidade, de maneira que, despertando cada um e persuadindo e desaprovando, não deixo de esporar os flancos, por toda a parte, durante todo o dia.”








Sócrates manteve-se íntegro em todo o processo e mesmo depois da condenação e na execução da pena de morte.

Afirmou que nenhum ser humano se salva da morte se quiser lutar pela justiça e não fazer concessões às injustiças.

Da mesma forma que Seixas afirmou, referindo-se à mosca, que “não adianta vir me dedetizar; porque você mata uma e vem outra em meu lugar”, Sócrates disse o mesmo: “É possível que vocês irritados (...) me condenem à morte, para que possam dormir o resto da vida, se, entretanto, o deus, pensando em vocês, não mandar algum outro.” Jesus, o Cristo, “outra mosca a incomodar”, veio, como sabemos...








Nas próximas colunas, veremos a continuidade dos argumentos de Sócrates em sua defesa: (4) comportamentos adequados dos juízes e dos acusados; e (5) penas, morte e maldade.








Obrigado pela leitura e nos vemos nos próximos textos.

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Abraços, abra-se e “bora pensar direito!”, Prof. Zanin.






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